segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Centro carioca de operações

Previsão de diúvios em 48h
Existe uma máxima no mundo da mídia: “Good news is no news” (boas notícias não são notícia). Entre os escombros da tragédia de 2011, há uma notícia tão boa que não dá manchete. A cidade do Rio de Janeiro inaugurou o centro mais moderno de controle de operações do mundo, totalmente computadorizado, com radares e alertas para enchentes. Um novo sistema poderá prever dilúvios 48 horas antes e deslocar a tempo famílias em risco de perder suas casas e suas vidas.

O centro carioca de operações tem um telão de 80 metros quadrados – maior que o da Nasa, segundo o prefeito Eduardo Paes. Reúne 30 órgãos municipais e concessionárias e 400 profissionais. É resultado de uma parceria com a IBM. O objetivo é transformar o Rio em referência para o Brasil e o mundo no planejamento de eventos e gestão de crises. A ideia é repetir o modelo em metrópoles brasileiras até a Copa.

O cérebro tecnológico do prédio é um indiano que vive em Nova York, mas tem visitado tanto o Rio que uma de suas bebidas prediletas é a caipirinha e seu point favorito é a Lapa boêmia e musical. É vice-presidente de tecnologia da IBM e seu nome é Guru. Foi batizado como Guruduth Banavar, mas até a mãe dele o chama de Guru (leia a entrevista) .

Em cada monitor, vemos o que está acontecendo naquele momento em todos os pontos da cidade: obras, engarrafamentos, acidentes, falta de luz ou de gás, onde estão os reboques, por onde trafegam os ônibus, onde está sendo recolhido o lixo. É evidente que não basta ter acesso aos dados. Só com inteligência e integração esses dados podem ser úteis. Mas acabou a desculpa “eu não sabia de nada”. O prefeito tem um quarto ali para dormir, em emergências.

Uma reportagem recente da revista The Economist, intitulada “It’s a smart world” (É um mundo inteligente), traduz o que se tenta fazer nesse centro. É como se o mundo real e o mundo digital convergissem para criar eficiência. Para as pessoas comuns, significa menos estresse e mais conforto.

Segundo o diretor da IBM Pedro Almeida, carioca apaixonado pelo que faz, essa é a base para o conceito de Smarter Cities, ou “cidades mais inteligentes”, que a IBM criou em 2007 e, agora, inclui o Rio como uma das vitrines mais vistosas.
Entre os escombros da tragédia, há uma ótima notícia: o novíssimo centro de alerta para enchentes

No caso das chuvas, a era do achismo e da irresponsabilidade terá de acabar para não se repetir o vale de lágrimas da serra fluminense. Cientistas e geólogos concluíram o primeiro mapeamento do solo da cidade do Rio, depois de fotografar de helicóptero, com câmeras especiais e laser, ruas, vales e morros. Existem hoje 18 mil casas em alto risco em 117 comunidades. Fora o médio risco e o baixo risco.

Caso o novo radar da prefeitura, importado dos Estados Unidos, preveja chuvas fortes, sirenes tocarão. A IBM promete, com seu novo sistema, a ser instalado neste semestre, prever calamidades com dois dias de antecedência. Mais de 2 mil agentes comunitários foram treinados pela Defesa Civil e equipados com celulares para receber alertas por mensagens de texto.

Prefeitos que permitem construir favelas, condomínios e hotéis em encostas e áreas de risco e não tomam providências para garantir o bem-estar de seus eleitores deveriam perder o mandato e ser levados à Justiça. Pensando bem, que Justiça?

Na cidade do Rio, liminares judiciais impedem a prefeitura de reassentar mais de 130 famílias que permanecem em casas condenadas, que já deveriam ter sido demolidas. Quem vai julgar os juízes?

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