terça-feira, 30 de julho de 2013

Você conhece a Opus Dei?

Com o encerramento, no domingo, (28/7) da visita do Papa Francisco, Mario Bergollio, na Jornada Mundial da Juventude, o que me chamou a atenção foi a postura do Papa, um tanto quanto controversa: quando de um lado exorta a igreja a promover uma aproximação com os mais pobres e sair as ruas na busca desse intento, por outro lado, mantém as tradicionais políticas conservadoras da igreja secular, sem qualquer menção ou intenção de modificá-las, mantendo inalterada essa política conservadora com relação a temas candentes da atualidade, aceitas pela maioria da população e já admitidas em vários países, inclusive judicialmente legalizadas. É o caso do casamento entre pessoas do mesmo sexo, adoção de crianças; o uso de preservativos para se evitar nascimentos indesejáveis e a questão do aborto, procedimento legal, também, adotados em alguns países.

Tudo indica, salvo engano ou alguma surpresa mais a frente, que o Papa é um populista de direita que faz um discurso progressista e age da mesma forma que o Papa anterior, Bento XVI. Pelo menos Bento XVI, não escondia o jogo e era bem claro em suas posições conservadoras.

Falando nisso, qual vai ser sua posição com relação a Opus Dei? O Papa Bento XVI mantinha relações cordiais e amistosas com o Bispo Chefe da Prelazia da Organização Opus Dei. Entidade de grande poderio financeiro e grande influência política em boa parte do mundo, inclusive na America Latina, onde domina Jornais importantes e setores do judiciário Paulista, segundo denúncias de ex-membros da organização.

Opus Dei na América Latina

Em seu campo original de atuação, é a vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica. "Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo" teria dito seu fundador, Josemaria Escrivá de Balaguer, sobre o Vaticano II, no relato do jornalista argentino Emilio J. Corbiere no seu livro "Opus Dei. El totalitarismo católico".

Fundada na Espanha em 1928, a organização foi reconhecida pelo Vaticano em 1947. Em 1982, foi declarada uma prelatura pessoal, o que, sob o Direito canónico, significa que só presta contas ao papa e que seus membros não se submetem à jurisdição dos bispos. "A relação entre Karol Wojtyla e a Opus Dei" conta o teólogo espanhol Juan José Tamayo Acosta "atinge seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível ascensão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio altivamente, primeiro no esboço e depois na colocação em prática do processo de restauração da Igreja católica sob o protagonismo do papa e a orientação teológica do cardeal alemão Ratzinger."

Fontes ligadas à Igreja Católica atribuem o poder da Obra à quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982.

Obscurantismo e misoginia são traços que marcam a organização. Exemplos podem ser encontrados nas denúncias de ex-adeptos como Jean Lauand, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - Universidade de São Paulo (USP), que recentemente escreveu junto com mais dois ex-membros, o juizMárcio Fernandes e o médico Dário Fortes Ferreira, o livro "Opus Dei - os bastidores". Em entrevista ao programa Biblioteca Sonora, da Rádio USP, Jean Lauand conta que a Obra tem um "Index" de livros proibidos que abrange praticamente toda a filosofia ocidental desde Descartes. Noutra entrevista, à revista Época, Jean Lauand denuncia as estratégias de fanatização dos chamados numerários, leigos celibatários que vivem em casas da organização: "Os homens podem dormir em colchões normais, as mulheres têm de dormir em tábuas. São proibidas de segurar crianças no colo e de ir a casamentos". É obrigatório o uso de cinturões com pontas de ferro fortemente atados à coxa, como prática de mortificação que visa refrear o desejo. Mas os danos infligidos pelo fanatismo não se limitam ao corpo.

No site que mantém com outros dissidentes (http://www.opuslivre.org/), Jean Lauand revela que a Obra conta com médicos especialmente encarregados de receitar psicotrópicos a numerários em crise nervosa.
A captação de numerários dá-se entre estudantes de universidades e escolas secundárias de elite. Centros de estudos e obras de caridade servem de fachada. A Opus Dei tem forte presença na USP, em especial na Faculdade de Direito, onde parte do corpo docente é composta por membros e simpatizantes,como o numerário Inácio Poveda e o diretor Eduardo Marchi. Outro expoente da organização na USP é Luiz Eugênio Garcez Leite, professor da Faculdade de Medicina e autor de panfletos contra a educação mista. A Obra atua também na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade de Brasília (UnB).

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